MINHA CASA
MINHA CASA
Minha casa está caindo.
É uma velha casa, assombrada.
Dentro dela há um passado
que está grande demais.
Minha casa não tem mais janelas.
Todos olham dentro dela.
Todos metem seu nariz
na bela casa que fiz.
Os móveis em movimento,
caem livros, quebram os pratos,
papéis voam, correm ratos.
Viver assim é ruim.
Minha casa mostra as bases,
raízes mortas à superfície.
As paredes estão desmoronando
e você, sentado olhando
a construção do fim,
ajuda a demolir a casa
que hoje está arrasada
e que pensei ter sido tombada
pelo patrimônio do amor que acabou,
esquecendo que o presente
não vive das memórias do que passou.
Você tem na mão a marreta
e desculpas obsoletas
que não servem mais enfim.
Eu, na mão não tenho nada
só feridas laceradas.
Enquanto a casa desmorona,
Desmonto eu em mim.
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